Suas imensas escadarias não me impediram apesar da idade avançada
Finquei meu cajado degrau por degrau até o simo
Fui ver Vanusa, dos olhos claros como a luz do sul
A boca sibilando tal qual a brisa da montanha
Suas vestes de sede escorriam como as águas doces que encontram o mar
Fiz lhe uma reverencia, tomei uma das mãos e encostei meus lábios
Minha voz rouca e soturna saiu pela garganta
__É chegado o dia!!!
__Sim é chegado o dia...
A sacerdotisa me chamou ao seu leito. Meus olhos de assombro recusaram...
__Já sou um velho... Que pode um velho???
__Um velho nada pode!!! Mais um ser de alma eterna e terna pode tudo!!!
Sorri em retribuição e uma reverencia em seguida lhe fiz
O leito suntuoso parecia um bosque de flores, as vestes da sacerdotisa deslizaram até o chão e senti no ar perfumes de flores. Tomei-a em meus braços e um beijo terno lhe dei. Quando descerrei meus olhos, observei o entorno, no balaústre do átrio constava um espelho. Nele havia uma anciã e um jovem abraçado a ela. Senti um arrepio por todo meu corpo
__Vede querido que nem tudo que parece ser é. E essa é uma das verdades porque o espirito é eterno e não tem idades, já a matéria adquire essa similaridade com a alma que se possui. O tempo vai te levar o vigor, no entanto, nunca o seu furor.
__É chegado o dia???
__Sim é chegado o dia...
Depois de meu vivido gozo, me despedi da sacerdotisa, ela me apontou uma porta
__Vá, não tenha medo. Somente os fracos tem medo nessa hora!!!
Sorri lhe de volta
__Eu te vejo do outro lado!!!
__Si meu querido, se é esta sua vontade, lá estarei
Segurei firme e convicto a maçaneta, girei-a e transpus a porta. Atrás de mim ouvi o som dela se fechando, e tal qual como no relato bíblico, não olhei para trás. Não por medo ou dúvida, mais pela certeza que meu Pai já estava à minha espera...
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