11 de mai. de 2022

O visitante

Escrever é uma mistura de sentimentos a esmo
E mesmo assim insisto nessa aventura contínua
Lá fora o Medo ficou trancado e vira e mexe bate à porta
Resolvo deixar ele entrar e tomar um café comigo
Nestes momentos tem um gosto amargo mais necessário
Batemos um papo e conversamos sobre coisas triviais
As vezes o medo te recolhe, te faz reflexivo
Mais uma hora ele vai embora, pois não mora aqui
É apenas visita, mais daquelas chatas
A gente, educado, as recebe e trata com educação
Os meus sentimentos, coloquei-os na estante
No mesmo instante em que a visita chegou
Não é aconselhável ficarem a mostra
O Medo tirou o celular do bolso
Mostrou uma foto que fez minha há tempos atrás
Fiquei espantado com minha própria cara de espanto
Ele riu muito alto (não me contive, ri também)
É engraçado como situações passadas hoje parecem tão bobas
O Medo me fitou nos olhos:
__Você ainda tem esse sentimento por mim?
__Não mais, o tempo o desgastou
__Que pena, éramos uma dupla tão boa
__Pois é, mais o tempo passou para nós dois
__Vou ter que procurar alguém mais jovem então. Mais na hora derradeira ainda volto para lhe perturbar
__Pois vai perder seu tempo, pois nem disso mais tenho paura
__Você se tornou uma pessoa velha e chata
Rimos muito e em alto som
__Bom já deu a minha hora, preciso ir
__Ainda é cedo, tome mais um café
__Não posso, muita gente me espera lá fora
Nos levantamos, abri a porta e ele se foi. E com ele tantos sentimentos, tantos dramas. Mais a casa ficou mais leve, mais arejada sem sua presença.
Abri todas as janelas, deixei o ar, o sol, a vida em fim entrar